“OCEANO – O REINO DAS ÁGUAS” – A MINHA LEITURA-DESAFIO DESTE ANO!

"Escreve o acaso o destino de todas as coisas..." (Nero)

(Texto e imagem: Nádia Carnide Pimenta)

Desde há uns anos para cá, impus-me um desafio: ler, pelo menos, um livro por ano, que saísse da minha zona de conforto. Acho esse tipo de experiência enriquecedor! Então, comprei o livro do Nero como um desafio para mim e também por curiosidade. Adoro o Mar! Talvez por ser do signo Peixes, a água é, sem dúvida, o meu elemento.

Confesso que quando comecei a ler, tive alguma dificuldade em integrar-me. Por norma, não leio literatura fantástica, mas gosto de poesia e decidi tentar! Devo dizer que foi uma completa aventura, a par de todas as aventuras que o enredo ia desfiando, à medida que eu lia, como se fosse eu própria a desbravar, um bocadinho mais, o oceano. Vivo muito as personagens e a história! Transpiro com elas; choro, quando estão em apuros; rio nas cenas cómicas; fico a pensar nos seus diálogos reveladores…

Não sei se é a minha visão romântica das coisas ou a onda reflexiva com que encaro tudo, mas centrei-me nas mensagens. Em captar mensagens, por trás de cada frase. Oceano – O Reino das Águas é um livro de ensinamentos, valores, que demonstra que o Bem compensa sempre e que, para este vencer, são necessários sacrifícios. A melhor e mais certeira forma de erradicarmos o medo, é enfrentá-lo! E foi isso que o Homem/Ulriar fez, ao superar-se a si próprio, aceitando a sua nova condição e realidade e enfrentando cada obstáculo, para chegar ao destino pretendido: paz, equilíbrio e lugar-certo. E, tal como na vida real, a fantasia deste livro mostrou isso mesmo! Que é ao longo do caminho que vamos crescendo, amadurecendo, tornando-nos melhores ou piores pessoas, de acordo com a maneira como vemos (e queremos ver!) o que nos rodeia e o que nos acontece.

Acho admirável e louvável o que o autor fez! Escrever a história toda em poesia não é tarefa fácil e ele soube enriquecer cuidadosamente as descrições, tornando os espaços físicos, pelo menos aos meus olhos, reais. Assim como as personagens. Consegui imaginar, ponto por ponto, como elas eram. E tudo isto com o doce sabor da poesia!

Talvez por ser mulher, as personagens com quem mais me identifiquei foram a Alaya, a Haia, a Enya e a Bemah. Com especial preferência para a Alaya e para a Haia. A Alaya é mais ou menos o que sou (ou que já fui), em muitas situações, na vida. A Haia (devo admitir!), quem gostaria de ser, sobretudo quando tenho de tomar decisões importantes e manter-me firme.

Gostei muito do Yanin e da sua ligação com o Ulriar. O amor deve sempre falar mais alto do que tudo, sem limites e barreiras. Embora nem sempre possa vencer, ao menos tentou-se, lutou-se, fez-se tudo o que se podia e, apesar do peso da mágoa, fica-se com a consciência tranquila…

Neste mundo fantástico, no mundo que o Nero criou, foca-se a realidade. É incrível como a realidade e a fantasia podem estar assim tão próximas uma da outra! Não sei se era o pretendido, mas foi esta a minha interpretação.

Ler este livro fez-me lembrar A Mensagem, Os Lusíadas, Ariel – A Pequena Sereia e também uma série, H2O, que costumava ver em miúda, na televisão.

Dou-te, Nero, os meus sinceros parabéns! Eu, que tanto sou de “livros reais”, consegui ler um livro de fantasia e percebê-lo como um espelho da realidade. Dei-me a oportunidade de me desafiar, ao lê-lo, e sei que me superei. Dei-te a oportunidade de me mostrares o que com tanto empenho foste preparando, limando, ao longo dos anos, e superaste-te! Na minha opinião, todas as pessoas devem ler diversos géneros literários. Todos temos algo a aprender com cada um deles.

Sem mais palavras, desejo que tenhas muito sucesso e que o teu Oceano faça mergulhar muita gente nessas águas fantásticas de um mundo aparentemente tão à parte, mas que é mais próximo do nosso do que se pensa.

Nádia Carnide Pimenta

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